quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Revolução Francesa

INTRODUÇÃO. A Idade Contemporânea começa com a Revolução Francesa, a partir de 1789, e se estende até os dias de hoje. Esta revolução representa a derrubada do poder absoluto dos reis, o Absolutismo, e a tomada do poder político pelos burgueses. Os ideais da burguesia vitoriosa se consolidam no século XIX, nas chamadas Revoluções Liberais, e se espelharam pelo mundo. Na América, sua influência inspira a independência das colônias de Espanha e Portugal. A revolução na França em 1789 foi um processo complexo repleto de reviravoltas, mas ao final a burguesia conseguiu decapitar o absolutismo, tomou o poder e expandiu os ideais revolucionários pelo mundo, incluindo o Brasil até então colônia de Portugal. A título de exemplo encontra-se a repercussão dos ideais libertários de "francezia" na Sedição dos Alfaiates em 1798 na cidade de Salvador - Bahia, divulgados através dos "papéis sediciosos" colocados em locais públicos da cidade cuja transcrição de um trecho desdes papéis continha a seguinte frase: "Todos serão iguais, não haverá diferença; só haverá liberdade, igualdade e fraternidade". Não por acaso igualdade, liberdade e fraternidade formam o lema da Revolução Francesa Considerada um dos marcos da História o evento revolucionário francês é um divisor de águas na linha do tempo histórico dada a sua importância, pois modificou radicalmente a base do poder político e social na França. Sob o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", cuja fundamentação ideológica era Iluminista, a burguesia junta-se ao povo e pega em armas contra a nobreza pondo fim aos privilégios de nobres e do clero, liquidando as instituições feudais do Antigo Regime. De súditos a cidadãos. "Avante, filhos da pátria. O dia da glória chegou. O estandarte ensanguentado da tirania contra nós se levanta. Ouvis nos campos rugirem esses ferozes soldados? Vem eles até nós, degolar nossos filhos, nossas mulheres. Às armas cidadãos. Formai vossos batalhões. Marchemos, marchemos! Nossa terra do sangue impuro se saciará". Este trecho da Marselhesa, canção revolucionária que depois se tornaria o hino nacional da França, nos dá uma pista da motivação que a maioria da população sentia para por fim ao regime absolutista de Luís XVI.No final do século XVIII a sociedade francesa esta dividida politicamente em três ordens: O Primeiro Estado composto pelo Clero. O Segundo Estado era da Nobreza, os mais privilegiados, sustentados pelos impostos pagos pelo Terceiro Estado que, correspondia a mais de 95 % da população composto de burgueses, camponeses e trabalhadores urbanos. ANTECEDENTES DA REVOLUÇÃO O Cenário na França - Antecedentes da Revolução. Nesta época a França atravessava graves dificuldades econômicas que repercutiam mais perversamente sobre o Terceiro Estado da sociedade. A Guerra dos Sete Anos vencida pela Inglaterra, trouxe consequencias devastadoras para as finanças da França. Além do elevado endividamento externo, o país sofria com as péssimas safras agrícolas e setor industrial abalado pela eficiente concorrência dos produtos ingleses. Em suma, o cenário de fome na zona rural, prejuízos no comércio e falta de trabalho nas cidades compunham o drama no antes todo poderoso Império de Carlos Magno. Como solução para enfrentar a crise os ministros de Luis XVI adotaram uma receita clássica: cobrar mais impostos. Mas não era só isso, inovaram e ousaram ao incluir no rateio os nobres e clero, até então isentos de tributos. Esta solução desagradou as classes dominantes que pressionaram o rei para abortar a proposta dos ministros, e a situação política ficou repleta de tensão. Indeciso Luis XVI foi aconselhado a convocar a Assembléia Nacional Constituinte ou Estados Gerias. Este modelo de conselho de estado era representado pelos 3 estados que compunham a sociedade e cada um tinha direito a um voto, obvio que se dependesse desta decisão o jogo já estava perdido para o terceiro estado, pois o placar seria 2 a 1 para nobres e clero que estavam combinados para a votação. Foi então que cansado de não ter voz o terceiro estado revolta-se e se autoproclamou como Assembléia Nacional Constituinte elaborando uma nova Constituição para a França. Atendendo ao chamado o povo envolve-se no coro dos protestos, haviam um clima de motim no ar pelas ruas de Paris, as pessoas corriam em busca de comida e armas, em 14 de julho invadem um símbolo do poder do Absolutismo, a prisão política da Bastilha. Entre os vários processos democráticos que tiveram início com a Revolução Francesa destaca-se a luta das mulheres por sua participação no espaço público, da qual a Marcha de Versalhes é um Emblema. Atualmente o local onde ficava a Bastilha, totalmente demolida em 1789, é ocupado por uma praça de mesmo nome e Palácio de Versalhes, onde ficava a corte frencesa, tornou-se um museu. Portanto a partir deste momento a permanência da realeza tornou-se insustentável, nobres começam a abandonar o país e os revolucionários expandem o movimento para o interior invadindo as propriedades da nobreza. Neste mesmo ano foi elaborada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, estabelecendo a igualdade de todos perante a lei e estipulando liberdade individual ao cidadão. Segundo o historiador francês George Lefebvre a Declaração representou o atestado de óbito do Absolutismo e por romprer os pricípios feudais é considerado um dos fundamentos do Estado contemporâneo. Na maioria das constituições modernas estes fundamentos estão presentes. A ASSEMBLÉIA Passados os primeiros atos da revolução o período conhecido como Assembléia Nacional constitui-se na formatação do novo modelo do poder político. Eleita através do voto censitário (voto condicionado a faixa de renda) a maioria de seus representantes pertenciam a elite burguesa. Os deputados estavam divididos em 3 grupos : Girondinos (representantes da alta burguesia) sentavam-se a direita do plenário, eram conservadores e combatiam o crescimento dos "sans-culottes" (literalmente "os" sem bunda - ou seja, o povo). Os Jacobinos representantes da média e baixa burguesia sentavam-se a esquerda, eram apoiados pelas camadas populares e intencionavam aumentar a participação do povo no governo. No centro localizavam-se o maior grupo, conhecido como Grupo do Pântano que ora estava com os girondinos ora apoiava os jacobinos. Ao final dos trabalhos foi redigida a Constituição que manteve a monarquia, mas instituía a divisão do poder em 3 partes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Os bens da Igreja foram confiscados e declarava a igualdade de direitos civis. Contudo, preocupados com o efeito dominó que os acontecimentos da Revolução na França poderiam causar a suas monarquias, os países vizinhos adotaram uma posição ofensiva a fim de combater os ventos da mudança vindos da França. Apoiados pelos nobres franceses refugiados e pelo próprio rei Luis XVI que sonhava em voltar ao poder, Áustria e Prússia invadem a França. Liderados por Robespierre, Marat e Danton, jacobinos e sans-culottes organizam o exército, venceram os invasores estrangeiros e assumem o poder. Formaram as guardas nacionais e iniciam o período mais radical da revolução - A Convenção. A CONVENÇÃO. Pressionados pela massa de popular os deputados formam uma nova Assembléia, desta vez eleita por voto universal com objetivo de elaborar uma nova Constituição. Este período denominado de Convenção correspondeu a tomada do poder pelos jacobinos que proclamaram a República e decapitaram o rei Luís XVI capturado durante a invasão pela Áustria, além de vários representantes da nobreza. Iniciava-se o Período do Terror, que durou alguns meses e sob o comando de Robespierre milhares de pessoas foram condenadas à guilhotina pelo Tribunal Revolucionário, instituído para prender e julgar traidores. As cabeças "rolaram" e Robespierre perdeu o controle, talvez a sanidade, quando mandou executar seus antigos companheiros de revolução, incluindo Danton. O governo jacobino foi popular, pois conseguiu estabilizar os preços, mas as perseguições levaram à perda de apoio do povo e a liderança de Robespierre ficou desgatada. Os representantes da Convenção se revoltaram contra Robespierre que acabou preso e executado. Desta maneira chegava ao fim o governo jacobino. Girondinos e o grupo do pântano em aliança restauraram o poder nas mãos da alta burguesia. O DIRETÓRIO. O governo do Diretório consolidou as aspirações da burguesia e seus líderes resolvem redigir outra Constituição. O período foi marcado por ameaças de invasão externa e amedrontada em perder privilégios a alta burguesia entregou o poder a um jovem general muito popular por suas conquistas militares, seu nome, Napoleão Bonaparte. Alçado ao poder pelo golpe de Estado em 1799, denominado de 18 Brumário, Napoleão instala um novo modelo de governo - O Consulado. Neste sistema, a França era governada por 3 cônsules, dos quais Napoleão era o mais influente. Em 1804, realiza sua auto coroação como imperador. Mantém a expansão territorial através de guerras e consegue aumentar significativamente os domínios territoriais da França. Neste particular a expansão napoleônica vai propiciar um evento que terá repercussões para o Brasil. Trata-se da vinda da família real portuguesa em 1808, que zarpa para o Brasil fugida das tropas de Napoleão. Uma sugestão de leitura interessante para saber como "uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta" enganaram um dos maiores estrategistas militares da época e mudaram a História de Portugal e do Brasil é o livro de Laurentino Gomes - "1808". O Código Civil implantando por Napoleão foi um dos seus legados no campo do Direito, influenciou a legislação da maioria dos países europeus que adotaram os princípios jurídicos contidos neste código. Napoleão empreenderá uma campanha militar expansionista francesa que extrapolará o Continente europeu e durante o período que esteve no poder modificará expressivamente o mapa geopolítico da Europa. Evidente que as guerras promovidas por Napoleão lhe trouxeram muitos inimigos, que estavam permanentemente na espreita a qualquer deslize para atacá-lo. Esta oportunidade surgiu ao cometer um erro tático contra os russos, ou melhor, contra o inverno russo, fato que apressou o fim da era napoleônica. Em 1815 as tropas francesas debilitadas pelo fracasso na campanha na Rússia foram derrotadas por uma coalizão das potencias européias, resultando na prisão de Napoleão. Pouco depois tenta retornar o poder, mas novamente é derrotado e acaba exilado na Ilha de Santa Helena local onde faleceu. O CONGRESSO DE VIENA. Reunidos para reorganizar o mapa da Europa profundamente afetado pelas conquistas napoleônicas os principais líderes da Europa promovem um acordo para devolver o poder político à nobreza, mas não por muito tempo. A partir de 1830 um movimento denominado Revoluções Liberais iniciados na França vão sacudir toda Europa e o modelo de Estado burguês concretizado por Napoleão volta a baila, comprovando que as mudanças trazidas pela Revolução Francesa vinham para ficar.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

REVOLUÇÃO RUSSA

Momento histórico de impacto mundial, a Revolução Russa marcou o fim de um dos últimos impérios de monarquias hereditárias e absolutistas do mundo no século XX. Através da revolução, o socialismo ascendeu pela primeira vez ao poder e a ideologia comunista passou a exercer profunda influência no cenário internacional e mesmo na vida interna das nações durante grande parte do século XX. O estudo deste processo revolucionário tornou-se importante para a História, em razão das representações e rupturas relacionadas com as mudanças na estrutura do poder político, sociais e econômicas. Em linhas gerias é considerada o modelo clássico de revolução proletária que destruiu a ordem capitalista e burguesa lançando os fundamentos do primeiro Estado socialista da história da humanidade, acontecimento este de grande relevância para a História. A partir de 1917, a Rússia caminhou no sentido de se transformar numa das mais importantes potências mundiais, adotando um modelo de Sistema Socialista que se opunha ao Sistema Capitalista. Criando condições de rivalizar com os Estados Unidos, o grande líder do mundo capitalista, no decorrer do século XX no contexto da "Guerra Fria". Revolução Russa ou Revolução Bolchevique é a designação ao processo que, em dois momentos a partir de 1917, derrubou o governo imperial da Rússia e instalou o comunismo no poder. O primeiro momento deu-se com a revolução de fevereiro, que promoveu a queda do czarismo e a instalação de um governo da burguesia, democrático e liberal, comandado pelo partido Menchevique. O segundo momento, com a revolução de outubro, marca o momento da tomada do poder pelos bolcheviques marxistas (do partido operário), início da história de um novo país que se chamou União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) criada em 1921 e durou até 1991, ano em que o Sistema Socialista desabou. Como foi possível a Revolução? No começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e dependente da agricultura, pois 80% de sua economia estava concentrada no campo (produção de gêneros agrícolas). Os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria e pobreza, pagando altos impostos para manter a base do sistema czarista de Nicolau II. O czar - governava a Rússia de forma absolutista, ou seja, concentrava poderes em suas mãos não abrindo espaço para a democracia distoando do cenário de uma Europa em transformação. Mesmo os trabalhadores urbanos, que desfrutavam os poucos empregos da fraca indústria russa, viviam descontentes com o governo do czar. Pausa para curiosidade! A palavra czar, que se pronuncia-se “tzar”, tem suas origens no título de césar que era concedido aos imperadores romanos, na Idade Antiga. Na Idade Média o título de czar era ostentado por búlgaros e sérvios que igual aos russos também pertencem ao ramo dos povos eslavos. O Fime "O Encouraçado Potemkin" (1925) de Sergei Einsenstein tornou-se um cult ao retratar os antecedentes da Revolução Russa. Assista um trecho desta emblemática película. "O ENCOURAÇADO POTEMKIN" Começa a formação dos sovietes (organização de trabalhadores russos) sob a liderança de Lênin (Vladimir IIlitch Ulianov). Os bolcheviques (que significa partido da maioria em russo) começavam a preparar a revolução socialista na Rússia e a queda da monarquia. Ao longo da segunda metade do século XIX, a Rússia viveu uma crise profunda em conseqüência de fatores que exerciam influências recíprocas e divergentes sobre todos os setores da vida social e política do país. Vigorava no império um sistema político de monarquia autocrática que se chocava com o modelo econômico de capitalismo moderno, em que as relações de produção entrelaçavam-se com as do tipo feudal. Esses problemas se traduziam na baixa produtividade agrícola, que provocava freqüentes crises de abastecimentos alimentares, com fortes repercussões sociais, afetando tanto os camponeses como a população urbana. Havia insustentáveis desigualdades econômicas e sociais entre a poderosa e privilegiada classe de nobres proprietários de terras e uma imensa população de camponeses (grande massa de maioria analfabeta que até 1861 viveu em regime de servidão). Lenin tomou para si a tarefa de adaptar a teoria fundamentada por Karl Marx e Engels (Marxismo) do século XIX à realidade da Rússia do século XX e provar que era possível,mesmo contrariando a Marx, uma revolução comunista num país como a Rússia no qual o capitalismo ainda engatinhava. Deste erro Lenin vai se penitenciar em 1921, reconhecendo que Marx estava certo. Em meio à Primeira Guerra Mundial, na qual a participação da Rússia era desastrosa, aconteceu a denominada revolução russa de 1917. O estopim do descontentamento popular contra o governo do czar foi a manutenção do país na Primeira Guerra Mundial. Foram os jovens soldados, mais do que os camponeses e operários, que promoveram a revolução democrática em 1917 e levaram ao poder o líder menchevique Keresnsky. Resumindo, a Revolução Comunista eclodiu num país "atrasado" da Europa, graças à combinação de uma série de fatores: 1- A crise econômica; pesados impostos; a fome que atingia grande parte da população; 2- Incapacidade administrativa dos Czares; 3- As derrotas da Primeira Guerra Mundial; 4- Grande desigualdade social existente no país. "Todo poder aos Sovietes" Apesar das espectativas o governo de Kerensky não retirou a Rússia da Guerra, fato que causou uma onda de greves, revoltas e disputas de poder. Nesse cenário anárquico, Lenin e seus seguidores, Stalin e Trotsky, reinvindicavam "todo poder aos sovietes" e lideram a rebelião que depôs Kerensky e colocam no poder o partido bolchevique. Assim deu inicio ao governo socialista dos bolcheviques, uma ditadura com partido único, porém a esta característica Lenin denominou de "ditadura do proletariado" Do Sistema de Produção Socialista - extraimos dois importantes conceitos que representarão as bases do Socialismo: · Confisco de propriedades privadas: Reforma Agrária, ou seja, grandes propriedades foram tomadas dos aristocratas e da Igreja Ortodoxa para serem distribuídas entre o povo. · Estatização da economia: Controle Operário das fábricas, isto é, O novo governo passou a intervir diretamente na vida econômica, nacionalizando diversas empresas que eram de propriedade privada. A nova política econômica (NEP) Em 1921, a situação econômica estava pior que antes da revolução. A Republica Federal Socialista e Soviética Russa (RFSSR), sofreu uma terrível redução de forças, mais do que qualquer outra grande potência, com a Primeira Guerra e, em seguida, com a revolução e a guerra civil. Sua população declinou de 171 milhões de habitantes em 1914 para 132 milhões em 1921. A perda de territórios envolveu também a perda de fábricas, ferrovias e fazendas produtivas. Os conflitos destruíram grande parte do que tinha restado. Nas cidades e nos campos havia fome e miséria. O campo não recebia fertilizantes, ferramentas nem roupas das cidades. Por sua vez, não produzia alimentos e milhares de pessoas morriam de frio, fome e epidemias. Um passo atrás para para depois dar dois passos à frente. No início de 1921, o poder bolchevique estava totalmente ameaçado. Reconhecendo a gravidade da situação, Lenin (principal líder da Revolução Russa) declarou aos seus pares: "Nos equivocamos. Atuamos como se pudessemos construir o socialismo em um país no qual o capitalismo praticamente não existia. Antes de querer realizar a sociedade socialista, há que reconstruir o capitalismo". A partir daí surgiu a Nova Política Econômica (NEP). Não se tratava de modificar a economia soviética. Eram ajustes de urgência, impostos pela gravidade da situação. Para aumentar a produção a qualquer custo, foram tomadas algumas medidas capitalistas, como a restauração da pequena e da média propriedade na industria alimentícia, no comércio varejista e na agricultura. Na agricultura, substituíram-se as ilimitadas e odiadas requisições de gênero por um imposto em produtos. No setor industrial os resultados não foram muito significativos, apesar da adoção da liberdade salarial e de comércio. A terra pertencia ao estado e era arrendada aos camponeses. Os mais ativos e influentes nas comunidades , chamados Kulaks, enriqueceram-se ainda mais. Por outro lado, muitos camponeses pobres faliram, por causa da inflação e da economia de mercado, e foram para as cidades em busca de trabalho, agravando o desemprego. Um grande abraço a todos os leitores. Prof° Brasil

domingo, 6 de maio de 2012

Por que os africanos foram escravizados no Brasil?

Vários fatores levaram os portugueses a adotar essa forma abominável de mão de obra, que marcou profundamente a nossa sociedade e deixou como herança o preconceito contra o negro. Embora o tema escravidão seja estudado no Ensino Fundamental e os livros didáticos sejam ricos em detalhes sobre essa forma de exploração do trabalho, a garotada muitas vezes não recebe uma resposta satisfatória a uma importante questão: por que a mão de obra escrava usada no Brasil colonial foi formada essencialmente por negros africanos, em vez dos índios nativos? Essa maneira de ensinar a história - sem explicitar as razões para a escravização do negro -- contribui para difundir a ideia errônea de que a África era um continente em que se vivia nessa condição. "A palavra slave ('escravo', em inglês) vem de eslavo, evidenciando o fato pouco comentado de que na Baixa Idade Média a maioria dos cativos era de origem eslava", diz Maurício Waldman, estudioso de afroeducação e autor do livro Memória d'África: A Temática Africana em Sala de Aula. "A Europa foi um manancial de escravos para os reinos do Oriente Médio, mas o ensino da História, por ser eurocêntrico, não mostra essa questão." Ao discutir com a garotada as causas para o uso desse tipo de mão de obra no Brasil, é importante enfatizar que o regime escravista se inseria no contexto do mercantilismo - o primeiro momento do capitalismo. A produção da colônia não era destinada à subsistência, e sim à comercialização - o objetivo era o lucro. A metrópole precisava povoar as terras descobertas e desejava extrair delas a maior quantidade possível de riquezas. "O português vem ao Novo Mundo como empresário. Outros trabalharão por ele", afirma o sociólogo Rogério Baptistini, professor na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), citando o pensador Caio Prado Júnior (1907-1990). Lembre os alunos de que, no início da colonização, os portugueses buscaram escravizar os índios de forma sistemática. Mas a iniciativa apresentou uma série de inconvenientes. "Eles não estavam acostumados ao trabalho regular e intenso. Caíam incapacitados com as doenças trazidas pelos europeus e, sempre que possível, se embrenhavam pelo interior do território, que lhes era familiar", diz Baptistini. Os relatos apontam que, por volta de 1562, duas violentas epidemias mataram por volta de 60 mil índios. Ao mesmo tempo que surgiam as dificuldades com a escravização dos indígenas, os portugueses já estavam envolvidos com o comércio de escravos em um lucrativo negócio do outro lado do Atlântico. Essa forma de organização do trabalho era adotada nas ilhas africanas dominadas por Portugal e Espanha, como Cabo Verde, Açores e Canárias, que praticavam o sistema de plantation. As origens dessa exploração, por sua vez, remontam ao século 7, quando a escravidão doméstica, de pequena escala, passou a conviver com um comércio mais intenso após a ocupação do norte da África pelos árabes. Centenas de negros eram trocados e vendidos em sua própria terra ou no mundo árabe. "Portugal encontrou esse comércio relativamente organizado, começou a se beneficiar dele e depois o trouxe para o Brasil", afirma o professor Baptistini. Assim, a coroa lucrava duplamente: com o comércio de escravos e com o uso dessa mão de obra na colônia. A Igreja não se opôs à escravização do negro. Explique aos alunos que algumas ordens religiosas, inclusive, eram grandes proprietárias de escravos. A "missão evangelizadora" também era uma justificativa para escravizar os africanos "infiéis". Além disso, o negro era considerado um ser inferior, uma coisa, não uma pessoa, e por isso não tinha nenhum direito. Dessa forma, gradativamente os negros substituíram os nativos indígenas no trabalho escravo na colônia. Estima-se que 4 milhões de africanos tenham desembarcado no Brasil entre 1550 e 1850, trazidos à força de seu continente, de regiões onde hoje estão Angola, Benin, Congo, Costa do Marfim, Guiné, Mali e Moçambique. Publicado em NOVA ESCOLA Edição 246, OUTUBRO 2011. Título original: O porquê da escravidão dos africanos no Brasil Com admiração, carinho e respeito. ANDRÉ BRASIL

FIM DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL

Em 1850, Eusébio de Queiroz motivou a lei contra o tráfico negreiro, entre outras coisas, pelo medo de o grande número de negros ( 3.500.000 para 1.500.000 brancos ) viesse a perturbar a ordem estabelecida. Queiroz chegou a propor a contratação de um exército de mercenários estrangeiros para manter submissos os escravos, pois os soldados brasileiros se recusavam a cumprir tal oficio. Na verdade, boa parte dos escravos estavam se insubordinando. Em 1823, cantava-se nas ruas de Pernambuco: Marinheiros e caiados,Todos devem se acabar,Porque só pardos e pretos,O país hão de habilitar! Em 1821, os pretos ocuparam Vila Rica, após sangrentos combates, declarando sua liberdade e igualdades aos brancos. Em 1849, em Queimados, Espíritos Santo, 200 escravos tentaram um levante, visando atingir todo o estado. Lei do Ventre Livre - Em 28 de setembro de 1871 o governo conservador do Visconde do Rio Branco promulga a Lei do Ventre Livre. De poucos efeitos práticos, a lei dá liberdade aos filhos de escravos, mas deixa-os sob tutela dos senhores até 21 anos de idade. Lei dos Sexagenários - Em 28 de setembro de 1885 o governo imperial promulga a Lei Saraiva-Cotegipe, conhecida como Lei dos Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 65 anos. A decisão é considerada de pouco efeito, pois a expectativa de vida do escravo não ultrapassa os 40 anos. Abolição no Ceará - A campanha abolicionista no Ceará ganha a adesão da população pobre. Os jangadeiros encabeçam as mobilizações, negando-se a transportar escravos aos navios que se dirigem ao sudeste do país. Apoiados pela Sociedade Cearense Libertadora, os "homens do mar" mantêm sua decisão, apesar das fortes pressões governamentais e da ação repressiva da polícia. O movimento é bem-sucedido: a vila de Acarape (CE), atual Redenção, é a primeira a libertar seus escravos, em janeiro de 1883. A escravidão é extinta em todo o território cearense em 25 de março de 1884. O Brasil foi o último país do continente a abolir formalmente a escravidão mas, a liberdade veio mesmo por motivos econômicos. Entre estes, os historiadores apontam a necessidade da criação de um mercado consumidor para os produtos industrializados, provenientes da Inglaterra. Os portos brasileiros foram, então, abertos aos imigrantes europeus, tendo sido permitido aos escravos alforriados, ou libertos, que retornassem à África. Em 1888, a Princesa Isabel assinou a lei que abolia a escravidão. Lei Áurea - Em 13 de maio de 1888, o gabinete conservador de João Alfredo apresenta, e a princesa Isabel assina, a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no país. A decisão, porém, não agrada aos latifundiários, que exigem indenização pela perda dos "bens". Como isso não acontece, passam a apoiar a causa republicana.Em 1899 partiu o último navio - " o Aliança " - levando de volta à África um grupo de ex-escravos. Uma criança que seguiu para a África naquele navio, Maria Romana da conceição, chegou a visitar o Brasil em 1963. A lei Áurea não indenizou os escravos pelo trabalho realizado. Assim, abandonadas a própria sorte, a maioria caiu na miséria da mendicância e vão compor a camada mais miserável das classes populares . Fonte: www.zbi.vilabol.uol.com.br FIM DA ESCRAVIDÃO no Brasil Desde o início do século XIX, a questão da escravatura é uma fonte constante de atrito entre o Brasil e a Inglaterra. No interior do país, a abolição da escravatura é defendida por grupos de liberais, mas não chega a ter repercussão na elite agrária, dependente do trabalho escravo. O fim efetivo do tráfico negreiro é o primeiro grande passo para a transformação real da estrutura das relações de trabalho no Brasil, mantidas praticamente intactas desde a colonização. Fim do tráfico Já em 1810, ao assinar o Tratado de Comércio e Navegação com a Inglaterra, dom João VI compromete-se com o fim do comércio de escravos. As negociações arrastam-se por 15 anos, devido à ferrenha oposição dos grandes proprietários de terras. Em 1825 os ingleses exigem que o Brasil marque uma data para a extinção do tráfico. Um decreto imperial de 1827 garante a interrupção do comércio negreiro no prazo de quatro anos. Em 7 de novembro de 1831 é votada a lei que determina o fim do tráfico. Nunca posta em prática, o episódio dá origem à expressão "para inglês ver". Lei Eusébio de Queiroz Em 8 de agosto de 1845 o Parlamento inglês promulga a Lei Bill Aberdeen, que proíbe o tráfico em todo o mundo e arroga ao Reino Unido o dever e o direito de aprisionar qualquer navio suspeito de carregar escravos. No Brasil, o fim do tráfico negreiro é definido pela Lei Eusébio de Queiroz, aprovada em 4 de setembro de 1850 e complementada pela Lei Nabuco de Araújo, de 1854. Os últimos 209 escravos trazidos para o Brasil desembarcam em Serinhaém (PE), em 1855. Conseqüências do fim do tráfico Em 1856 já não há entradas de escravos no Brasil. Logo aparecem as primeiras reclamações sobre a falta de "braços" para a lavoura e a carestia das "peças" negras. Alguns fazendeiros chegam a tentar a reprodução "racionalizada" da população escrava, num sistema semelhante ao utilizado nas plantations norte-americanas. Mas a experiência não vinga por exigir grandes gastos com a manutenção dos "reprodutores". O fim do tráfico negreiro estimula a imigração de europeus, inclusive de operários qualificados, e libera grandes quantidades de capitais, até então empregados no comércio de escravos - cerca de 1,9 milhão de libras esterlinas por ano. Esses dois fatores são determinantes para a diversificação econômica do país. Campanha abolicionista O Partido Liberal compromete-se publicamente com a causa abolicionista. A campanha cresce após a Guerra do Paraguai com a adesão dos militares. No início da década de 80 é criada a Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a Associação Central Abolicionista, no Rio de Janeiro, agremiações políticas que reúnem figuras proeminentes do Império, como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Luís Gama e André Rebouças. Em 1887, nas fazendas, começam as fugas em massa de escravos. São apoiadas pelos abolicionistas e o Exército recusa-se a perseguir os fugitivos. Lei do Ventre Livre Em 28 de setembro de 1871 o governo conservador do visconde do Rio Branco promulga a Lei do Ventre Livre. De poucos efeitos práticos, a lei dá liberdade aos filhos de escravos, mas deixa-os sob tutela dos senhores até 21 anos de idade. Abolição no Ceará A campanha abolicionista no Ceará ganha a adesão da população pobre. Os jangadeiros encabeçam as mobilizações, negando-se a transportar escravos aos navios que se dirigem ao sudeste do país. Apoiados pela Sociedade Cearense Libertadora, os "homens do mar" mantêm sua decisão, apesar das fortes pressões governamentais e da ação repressiva da polícia. O movimento é bem-sucedido: a vila de Acarape (CE), atual Redenção, é a primeira a libertar seus escravos, em janeiro de 1883. A escravidão é extinta em todo o território cearense em 25 de março de 1884. Lei dos Sexagenários Em 28 de setembro de 1885 o governo imperial promulga a Lei Saraiva-Cotegipe, conhecida como Lei dos Sexagenários, que liberta os escravos com mais de 65 anos. A decisão é considerada de pouco efeito, pois a expectativa de vida do escravo não ultrapassa os 40 anos. Lei Áurea Em 13 de maio de 1888, o gabinete conservador de João Alfredo apresenta, e a princesa Isabel assina, a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no país. A decisão, porém, não agrada aos latifundiários, que exigem indenização pela perda dos "bens". Como isso não acontece, passam a apoiar a causa republicana. Os escravos, por seu lado, ficam abandonados à própria sorte. Marginalizados pela sociedade, vão compor a camada mais miserável das classes populares.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Resumo da Historia de São Jorge

São Jorge (275 - 23 de abril de 303) foi, de acordo com a tradição, um padre e soldado romano no exército do imperador Diocleciano, venerado como mártir cristão. São Jorge é um dos santos mais venerados no catolicismo (tanto na Igreja Católica Romana e na Igreja Ortodoxa como também na Comunhão Anglicana). Também é venerado em diversos cultos das religiões afro-brasileiras, onde é sincretizado na forma de Ogum. É imortalizado no conto em que mata o dragão e também é um dos Catorze santos auxiliares. Considerado como um dos mais proeminentes santos militares, sua memória é celebrada dia 23 de abril como também em 3 de novembro, quando, por toda parte, se comemora a reconstrução da Igreja dedicada a ele na Lida (Israel), onde se encontram suas relíquias, erguida a mando do imperador romano Constantino I. De acordo com a lenda, Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região do centro da Anatólia que, atualmente, faz parte da República da Turquia. Ainda criança, mudou-se para a Palestina com sua mãe após seu pai morrer em batalha. Sua mãe, ela própria originária da Palestina, Lida, possuía muitos bens e o educou com esmero. Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia à sua natural índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade — qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial em Nicomédia, exercendo a função de Tribuno Militar. Nesse tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador. Jorge, ao ver que urdia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres. O imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos e no dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os romanos deviam se converter ao cristianismo. Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O que é a Verdade?". Jorge respondeu-lhe: "A Verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e Nele confiando me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade." Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio aos poucos ganhado notoriedade e muitos romanos tomado as dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia (Ásia Menor). Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lida (Antiga Dióspolis), cidade em que crescera com sua mãe. Lá ele foi sepultado, e mais tarde o imperador cristão Constantino mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis, para que a devoção ao santo fosse espalhada por todo o Oriente. Pelo século V, já havia cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Armênia, em Bizâncio, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores santos da Igreja Católica.