Mai uma da série: CURIOSIDADES DA IDADE MÉDIA
Na Idade Média não havia pasta de dente, sabonete, perfume, e muito menos tratamento de esgosto, banho era coisa rara, e as fezes e urinas humanas eram jogados pelas janelas das residências.Um grande abraço a todos e em breve tem mais.
sábado, 23 de maio de 2009
sábado, 16 de maio de 2009
Floriano Peixoto e SP
O texto abaixo é de cunho Histórico e foi retirado da coluna de Cesar Maia do dia 16/05/09, e conta um pouco da vida do Presidente Floriano Peixoto. Um grande abraço a todos.
170 ANOS do nascimento de Floriano Peixoto (30/4). Presidente de novembro de 1891 a 1894. Único oficial que participou do primeiro ao último dia da Guerra do Paraguai. Dirigente maior do Exército, em 89, manteve uma postura profissional na conspiração que levou à República. Informado na última hora, foi neutralizado. A habilidade dos líderes políticos de São Paulo, no início da República, e a aliança com Floriano Peixoto explicam a hegemonia política que São Paulo (não tendo no Império) conquistou. Compartilhou com Campos Sales o ministério no governo provisório e se aproximou do grupo paulista -Prudente de Moraes, Campos Sales e Rodrigues Alves. Promulgada a Constituição, o Congresso elegeu os primeiros presidente e vice da República. Formou na chapa Prudente de Moraes/Floriano Peixoto. Venceu Deodoro com 129 votos, contra 97 de Prudente. Floriano, com 153 votos, derrotou o almirante Wandenkolk, 57 votos, republicano de primeira hora. Inconformado, Prudente de Moraes inicia uma obstrução parlamentar de forma a inviabilizar o governo de Deodoro. Este, sem vocação política, vai perdendo base parlamentar. Dissolve o Congresso em 3/11/1891 num golpe de Estado. O Congresso e a Marinha reagem e dão um ultimato a Deodoro, que renuncia. Floriano assume. Abre-se um debate constitucional sobre se cabe ou não nova eleição. O relator é Campos Sales, que entende que Floriano é o presidente até o final do mandato de Deodoro. O Congresso ratifica. Floriano assume com seu estilo frio, sóbrio, impessoal. Em seu primeiro ministério, Rodrigues Alves é o ministro da Fazenda. Os primeiros motins são sufocados. O Senado, sob a liderança de Campos Sales, apoia Floriano. Em 31/3/1892, 13 generais, Wandenkolk à frente, lançam um manifesto exigindo a renúncia de Floriano. São presos, reformados e, com líderes civis, desterrados. O processo não para. Articula-se uma revolta com parte da Marinha, liderada pelo almirante e ministro Custódio de Melo. Prudente de Moraes vacila, e Campos Sales contata o almirante. Leva-se ao ministério a proposta. Rodrigues Alves vota por nova eleição, fica isolado, acata e, junto ao grupo paulista, dá sustentação parlamentar a Floriano. A Revolta da Armada -setembro de 1893- é respondida pelo Congresso, que autoriza Floriano a decretar estado de sítio quando precisar. Com tal apoio, Floriano reprime a rebelião até eliminá-la, em março de 1894, mês da eleição presidencial. Vence Prudente de Moraes. Os próximos presidentes após ele serão Campos Sales e Rodrigues Alves, abrindo o ciclo republicano de hegemonia paulista. Floriano morre em 1895, com 56 anos.
170 ANOS do nascimento de Floriano Peixoto (30/4). Presidente de novembro de 1891 a 1894. Único oficial que participou do primeiro ao último dia da Guerra do Paraguai. Dirigente maior do Exército, em 89, manteve uma postura profissional na conspiração que levou à República. Informado na última hora, foi neutralizado. A habilidade dos líderes políticos de São Paulo, no início da República, e a aliança com Floriano Peixoto explicam a hegemonia política que São Paulo (não tendo no Império) conquistou. Compartilhou com Campos Sales o ministério no governo provisório e se aproximou do grupo paulista -Prudente de Moraes, Campos Sales e Rodrigues Alves. Promulgada a Constituição, o Congresso elegeu os primeiros presidente e vice da República. Formou na chapa Prudente de Moraes/Floriano Peixoto. Venceu Deodoro com 129 votos, contra 97 de Prudente. Floriano, com 153 votos, derrotou o almirante Wandenkolk, 57 votos, republicano de primeira hora. Inconformado, Prudente de Moraes inicia uma obstrução parlamentar de forma a inviabilizar o governo de Deodoro. Este, sem vocação política, vai perdendo base parlamentar. Dissolve o Congresso em 3/11/1891 num golpe de Estado. O Congresso e a Marinha reagem e dão um ultimato a Deodoro, que renuncia. Floriano assume. Abre-se um debate constitucional sobre se cabe ou não nova eleição. O relator é Campos Sales, que entende que Floriano é o presidente até o final do mandato de Deodoro. O Congresso ratifica. Floriano assume com seu estilo frio, sóbrio, impessoal. Em seu primeiro ministério, Rodrigues Alves é o ministro da Fazenda. Os primeiros motins são sufocados. O Senado, sob a liderança de Campos Sales, apoia Floriano. Em 31/3/1892, 13 generais, Wandenkolk à frente, lançam um manifesto exigindo a renúncia de Floriano. São presos, reformados e, com líderes civis, desterrados. O processo não para. Articula-se uma revolta com parte da Marinha, liderada pelo almirante e ministro Custódio de Melo. Prudente de Moraes vacila, e Campos Sales contata o almirante. Leva-se ao ministério a proposta. Rodrigues Alves vota por nova eleição, fica isolado, acata e, junto ao grupo paulista, dá sustentação parlamentar a Floriano. A Revolta da Armada -setembro de 1893- é respondida pelo Congresso, que autoriza Floriano a decretar estado de sítio quando precisar. Com tal apoio, Floriano reprime a rebelião até eliminá-la, em março de 1894, mês da eleição presidencial. Vence Prudente de Moraes. Os próximos presidentes após ele serão Campos Sales e Rodrigues Alves, abrindo o ciclo republicano de hegemonia paulista. Floriano morre em 1895, com 56 anos.
domingo, 10 de maio de 2009
O texto abaixo é de ELIO GASPARI, jornalista da Folha de São Paulo, e tem vários livros publicados, dentre eles quatro obras de muito valor sobre a ditadura no Brasil.Um grande abraço a todos e boa leitura. O voto de lista cria a Bolsa Mandato
O deputado Ibsen Pinheiro gostaria de vir ao jantar com Charlize Theron, mas trouxe Susan Boyle
A INICIATIVA da caciquia dos partidos políticos destinada a instituir o voto de lista no sistema eleitoral não é uma manobra destinada a desviar a atenção dos escândalos que corroem o Congresso. Ela é o próprio escândalo, pois pretende cassar o direito dos eleitores de escolher diretamente seus candidatos a deputado e vereador. O projeto de mutilação dos direitos dos cidadãos brasileiros tem o apoio das cúpulas de todos os grandes partidos, salvo o PSDB, que está no muro. Segundo seu líder na Câmara, deputado José Aníbal, o governador José Serra, candidato à Presidência da República, "passou posição de simpatia à ideia".A natureza escandalosa da manobra está sinalizada numa frase do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), um dos principais operadores da manobra: "Sou a favor do voto distrital misto. Mas exige emenda constitucional. Esse projeto, não".Isso equivale a dizer que um sujeito viria a um jantar com a atriz Charlize Theron, mas chegará com Susan Boyle. Ibsen Pinheiro é a favor do voto distrital misto, modelo vigente na Alemanha, mas a iniciativa exige o voto de três quintos da Câmara, ou seja, 308 dos 513 deputados. Como eles lhe faltam, defende um modelo que não tem nada a ver com a ideia inicial, mas pode ser aprovado pela maioria simples de 129 parlamentares. Para dar nome aos números, deve-se lembrar que pelo menos 262 deputados integram a bancada dos distribuidores de passagens internacionais para parentes e amigos.No atual sistema de lista aberta, cada um vota em quem quer. Feita a eleição chega-se a um quociente eleitoral que estabelece o número de votos exigido para que os partidos recebam cada cadeira na Câmara. A partir daí, quem determina o acesso ao mandato é a quantidade de votos recebidos pelo candidato. Quem votou em Ciro Gomes elegeu Ciro Gomes, mas quem votou em Delfim Netto mandou para a Câmara Michel Temer. Em todos os casos, o eleitor exerceu a prerrogativa de votar diretamente em seu candidato.Pelo sistema de lista, o voto é canalizado para um panelão partidário e são eleitos os candidatos arrolados pela panelinha da burocracia da sigla. Trata-se de incentivar o criadouro de raposas em nome da proteção do galinheiro. Entre os denunciados por conta do mensalão e de práticas similares contam-se dois ex-presidentes do PT, mais seu tesoureiro e um secretário-geral. Esses e também os ex-presidentes do PSDB, do PTB, do PL e do PP.Pode-se prever que quase todos os parlamentares que exercem mandatos ocuparão lugares privilegiados nas listas de candidatos, facilitando-lhes a reeleição. Estará criada a Bolsa Mandato.Quando Ibsen Pinheiro defende o voto distrital misto, indica o caminho de uma reforma eleitoral séria. Quem quiser mudanças, pode fazer sua proposta, debatê-la e levá-la a voto, deixando que tramite como emenda constitucional. Ilustrando a discussão, pode-se arrolar três sistemas, cada um com vantagens e defeitos:Distritão - Nele, cada Estado é considerado um distrito e vão para a Câmara os candidatos que tiveram mais votos numa lista geral, sem que se leve em conta a filiação partidária.Voto distrital puro - É o sistema americano e inglês. Divide o país em distritos eleitorais a partir de um critério demográfico e os candidatos disputam dentro desses limites. Elege-se quem tiver mais votos. No Brasil, cada distrito reuniria algo como 200 mil eleitores.Voto distrital misto - É o sistema alemão. O eleitor vota duas vezes. Uma no distrito e outra numa lista fechada. Cada votação preenche metade das cadeiras do Parlamento. Pode-se conceber também um processo no qual é dada ao cidadão a capacidade de alterar a ordem dos nomes da lista. Na Alemanha isso não pode ser feito.Em nome da decência, os deputados não podem mudar o sistema eleitoral de um país fugindo do quórum dos três quintos exigidos para as reformas constitucionais, escondendo-se atrás de uma votação de maioria simples, modalidade exigida para a criação do Dia da Brotoeja.
O deputado Ibsen Pinheiro gostaria de vir ao jantar com Charlize Theron, mas trouxe Susan Boyle
A INICIATIVA da caciquia dos partidos políticos destinada a instituir o voto de lista no sistema eleitoral não é uma manobra destinada a desviar a atenção dos escândalos que corroem o Congresso. Ela é o próprio escândalo, pois pretende cassar o direito dos eleitores de escolher diretamente seus candidatos a deputado e vereador. O projeto de mutilação dos direitos dos cidadãos brasileiros tem o apoio das cúpulas de todos os grandes partidos, salvo o PSDB, que está no muro. Segundo seu líder na Câmara, deputado José Aníbal, o governador José Serra, candidato à Presidência da República, "passou posição de simpatia à ideia".A natureza escandalosa da manobra está sinalizada numa frase do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), um dos principais operadores da manobra: "Sou a favor do voto distrital misto. Mas exige emenda constitucional. Esse projeto, não".Isso equivale a dizer que um sujeito viria a um jantar com a atriz Charlize Theron, mas chegará com Susan Boyle. Ibsen Pinheiro é a favor do voto distrital misto, modelo vigente na Alemanha, mas a iniciativa exige o voto de três quintos da Câmara, ou seja, 308 dos 513 deputados. Como eles lhe faltam, defende um modelo que não tem nada a ver com a ideia inicial, mas pode ser aprovado pela maioria simples de 129 parlamentares. Para dar nome aos números, deve-se lembrar que pelo menos 262 deputados integram a bancada dos distribuidores de passagens internacionais para parentes e amigos.No atual sistema de lista aberta, cada um vota em quem quer. Feita a eleição chega-se a um quociente eleitoral que estabelece o número de votos exigido para que os partidos recebam cada cadeira na Câmara. A partir daí, quem determina o acesso ao mandato é a quantidade de votos recebidos pelo candidato. Quem votou em Ciro Gomes elegeu Ciro Gomes, mas quem votou em Delfim Netto mandou para a Câmara Michel Temer. Em todos os casos, o eleitor exerceu a prerrogativa de votar diretamente em seu candidato.Pelo sistema de lista, o voto é canalizado para um panelão partidário e são eleitos os candidatos arrolados pela panelinha da burocracia da sigla. Trata-se de incentivar o criadouro de raposas em nome da proteção do galinheiro. Entre os denunciados por conta do mensalão e de práticas similares contam-se dois ex-presidentes do PT, mais seu tesoureiro e um secretário-geral. Esses e também os ex-presidentes do PSDB, do PTB, do PL e do PP.Pode-se prever que quase todos os parlamentares que exercem mandatos ocuparão lugares privilegiados nas listas de candidatos, facilitando-lhes a reeleição. Estará criada a Bolsa Mandato.Quando Ibsen Pinheiro defende o voto distrital misto, indica o caminho de uma reforma eleitoral séria. Quem quiser mudanças, pode fazer sua proposta, debatê-la e levá-la a voto, deixando que tramite como emenda constitucional. Ilustrando a discussão, pode-se arrolar três sistemas, cada um com vantagens e defeitos:Distritão - Nele, cada Estado é considerado um distrito e vão para a Câmara os candidatos que tiveram mais votos numa lista geral, sem que se leve em conta a filiação partidária.Voto distrital puro - É o sistema americano e inglês. Divide o país em distritos eleitorais a partir de um critério demográfico e os candidatos disputam dentro desses limites. Elege-se quem tiver mais votos. No Brasil, cada distrito reuniria algo como 200 mil eleitores.Voto distrital misto - É o sistema alemão. O eleitor vota duas vezes. Uma no distrito e outra numa lista fechada. Cada votação preenche metade das cadeiras do Parlamento. Pode-se conceber também um processo no qual é dada ao cidadão a capacidade de alterar a ordem dos nomes da lista. Na Alemanha isso não pode ser feito.Em nome da decência, os deputados não podem mudar o sistema eleitoral de um país fugindo do quórum dos três quintos exigidos para as reformas constitucionais, escondendo-se atrás de uma votação de maioria simples, modalidade exigida para a criação do Dia da Brotoeja.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Nossos queridos políticos terminam uma eleição pensando em outra, a servir de exemplo nosso querido presidente Lula,que já anda com a Ministra Dilma desde a metade de seu atual governo, e logicamente isso acaba por contaminar as esferas estaduais. Abaixo segue uma projeção de possíveis "acordos" eleitorais para as eleições no Rio de Janeiro em 2010. O texto abaixo foi publicado no ex-blog de Cesar Maia.
O QUADRO ELEITORAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO!
O QUADRO ELEITORAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO!
. Os partidos -nacional e regionalmente- e pré-candidatos começam a fazer pesquisas para governador (ERJ) em 2010. Hoje se tem um quadro de partida muito interessante pela incerteza generalizada. Nenhum dos nomes pode garantir que é favorito para ir ao segundo turno. Atenção: não é para ganhar, mas simplesmente passar para o segundo turno. 2. O PSDB, o DEM e o PPS estarão juntos em nível nacional e, no ERJ também o PV, todos em apoio ao Serra, candidato a presidente (supondo ser ele). A experiência de várias eleições mostra que uma forte candidatura a presidente alavanca a candidatura a governador. Em 1990 a eleição de governador foi solta. Em 1994 venceu FHC e no ERJ Marcello Alencar de seu partido. Em 1998 venceu FHC, mas sua base (PFL e PSDB) foi separada e com isso no primeiro turno a vinculação com o PSDB, em um candidato a governador que estava fora da disputa, prejudicou a ambos. Em 2002, Lula e Rosinha. Em 2006, Lula e Cabral. 3. Essa vinculação alavancadora impõe que a coligação no ERJ em torno de Serra não se divida e tenha um só candidato a governador. O presidente nacional do DEM já informou ao governador José Serra que o DEM deixa à vontade a coligação para escolher o candidato a governador e que só oferecerá um nome em última instância, quando e se solicitado pelos demais. Com isso as pesquisas devem trazer um nome só desta coligação (Gabeira, Denise e Maia) e oferecer listas alternativas. 4. A novidade é a queda do governador Cabral entre os eleitores de menor renda. Provavelmente pelo efeito combinado muro/truculência urbana/mortes em comunidades, com ênfase na capital. Garotinho ressurgiu e já é mais forte que Cabral no Interior e seu nome passou a existir na capital, nas áreas mais carentes. Alternando Cesar Maia e Gabeira vemos que a soma dos dois nas pesquisas anteriores se transforma em intenção de voto com um nome só nas atuais. Gabeira vai melhor que Maia na Capital, mas este vai melhor que aquele fora da Capital. No final a soma é a mesma. 5. A dúvida fica quanto à candidatura de Lindbergh, do PT. Hoje ele tem uns 7%, mas se chegar a 10% antes de junho do ano que vem, será provavelmente candidato a governador. Com esses 4 nomes, Cabral terá muita dificuldade de ir para o segundo turno. A publicidade na TV mostra sua ansiedade. 6. Os resultados surpreendem. Para uma expectativa de 20% de abstenção, brancos e nulos, dos 80% restantes, quando se apresentam 3 nomes: Cabral, Garotinho e Gabeira (ou Maia), o jogo está empatado em torno de 26%. Com Lindbergh a troca é inteira com Cabral e ficam Garotinho e Gabeira (Maia) com 26%, Cabral com 19% e Lindbergh com 7%. A coligação PSDB/DEM/PPS e PV avalia que com a puxada de Serra, seu candidato garante o patamar nestes 26% e pode crescer uns 5 a 7 pontos contra Cabral e Garotinho. Ou seja, 31% e Cabral e Garotinho entre 23% e 24%. 7. Esses são números ainda pré-grid de largada, mas que mostram que a eleição no ERJ será sem favorito e que a performance em campanha e a vinculação nacional serão decisivas.
domingo, 3 de maio de 2009
Pré-campanha! - Cesar Maia
PAUL LAZARSFELD -fundador das pesquisas de opinião e tendências do eleitorado-, nos anos 30, na Universidade de Columbia, dizia que as campanhas eleitorais eram como a fotografia da época: dividiam-se em duas fases. Na primeira -a pré-campanha-, a foto era tirada e impressa no celuloide. Na segunda -a campanha-, a foto era revelada na câmara escura. Sem a pré-campanha não havia foto a revelar, e a campanha seria uma loteria de impressões, ensinava. Esta é a lógica das primárias nos EUA. Os pré-candidatos se apresentam nacionalmente. Mostram propostas, criticam os adversários, durante meses, até a convenção. Todas as imagens estão amplamente registradas no "celuloide" dos eleitores. Depois, a campanha exibe os detalhes, os compromissos e críticas, que complementam o básico. Sem pré-campanha, Obama nunca teria tido a chance de ser o candidato democrata. No Brasil, o complexo eleitoral, composto pelos partidos e pela Justiça, fixou a ideia de que a pré-campanha é ilegal. Desta forma, enquanto os partidos denunciam seus adversários por fazerem pré-campanha, a Justiça Eleitoral os inibe com proibições e punições. Mas esse é um processo torto. Todos têm espaço partidário igual para a propaganda autorizada, mas quem está no governo tem todo o tempo que entender para contratar publicidade na mídia. Não pôr o nome na publicidade de quem está na mídia espontânea todos os dias é risível. Nos Estados e grandes capitais, trata-se de gastos anuais, em publicidade político-governamental, de R$ 50 milhões a R$ 200 milhões. No nível federal, os gastos chegam a R$ 2 bilhões, incluindo patrocínios e promoções. O exagero chega a tal ponto que o próprio uso da internet -meio democrático, barato e acessível a todos- passou a ter regras limitativas, antes e até durante as eleições. Se o que se quer com o processo eleitoral é dar ao eleitor o máximo de informações, para que ele possa decidir politicamente, em vez de apenas reagir a estímulos publicitários, o processo atual aponta para o contrário disso. Os partidos não têm tempo para amadurecer suas decisões em torno de seus pré-candidatos. As convenções fazem o jogo do "convencimento" dos delegados. As pesquisas de opinião pré-eleitorais só favorecem os mais conhecidos ou expostos, o que torna as oposições mais dependentes da mídia. A democracia sofre um grave desvio, na medida em que não há condições de igualdade na disputa. Governo e oposição atuam politicamente, visando às próximas eleições, com instrumentos totalmente desproporcionais. Essa é uma grave distorção que os partidos políticos -que legislam- e o TSE -que regulamenta- precisam rever com a máxima urgência.
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